terça-feira, 11 de outubro de 2011

American Horror Story : Um trem fantasma sem freios


Pelo piloto, esse seriado é um caldeirão de convenções de horror, tudo junto e misturado e sem pausa pra respirar! A série mostra uma família disfuncional tentando se reerguer, mas decidem se mudar pra uma casa q deve ser um resort de fantasmas malignos. Tem um monstro no porão, gêmeos mortos pela casa, um fantasma sadomasoquista no sótão, empregada sinistra, vizinhos mais sinistros ainda, bullies, um serial killer em potencial e... deve ter mais algum q perdi. É um novelão sobrenatural.

Tudo extremamente exagerado, com atuações e situações beirando o cômico. De fato, a apresentação da personagem de Jessica Lange me deixou com um sorrisão de orelha a orelha, pela atuação rococó e situação completamente descabida. Será delicioso ver o embate das personagens de Jessica Lange e Frances Conroy, exageradas, totalmente cientes de onde estão e devorando cenas e disparando falas afiadas. Acho bacana q haja momentos que a série se leva a sério demais, descambando para o cômico, pq é necessário momentos de escape da tensão.
You go, girls.

Mas para curtir a série como se deve, é necessário fazer vista grossa para alguns maneirismos um tanto irritantes, como uma montagem extremamente acelerada, e que por vezes adota um estilo de jump cuts q irritam [acho q era pra irritar mesmo, criar uma sensação de desconforto, mas forçaram a mão]. E o ritmo acelerado não dá tempo para criar o clima, a tensão... Parece que a família foi jogada no meio de um liquidificador de bizarrices. Não só de bizarrices, mas de convenções do gênero tbm.

Nota-se a abundância visual de signos de horror: monstros, fantasmas, pessoas deformadas, sangue, sexo e escuridão. E as convenções narrativas, a fim de quebrar as defesas do espectador e instaurar o horror: a desconstrução da imagem de Deus e dA Mãe, e o acesso ao inconsciente pela sexualidade. Deus justifica-se como um engodo, um artifício narrativo de forma metalinguística: Deus é uma criação narrativa, um personagem coletivo para confortar nossa existência. E a desconstrução da imagem da Mulher se dá pela presença de figuras femininas ameaçadoras, que não irão te confortar se vc correr até elas gritando “mamãe”... ;)

E a forma de acessar o inconsciente do espectador, sempre através do sexo, comprova-se uma criação direta da equipe de Glee e Nip/Tuck: no piloto de American Horror Story, é a figura masculina que é explorada e desnudada pela câmera. Apesar de todas as convenções narrativas estarem em uso, faltou o essencial: a conexão entre público e personagem, que se dá justamente pelo desenvolvimento e exploração de seus dramas e personalidades. Da forma como foram apresentados, sem tempo para desenvolvimento, os personagens principais parecem tão odiáveis quanto os antagonistas... Mas, se tratando de um seriado, tempo para isso é o q não falta, e será muito interessante ver o desenvolvimento dessa série.

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